Saúde

Apesar da crise financeira, surgem projetos para retomada da Santa Casa de Pelotas

Novo provedor, João Francisco Neves da Silva, faz balanço do primeiro mês de gestão

Gabriel Huth -

A lista de prioridades, para reduzir ou até eliminar as operações no vermelho, está traçada. Um mês depois de assumir a provedoria da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, o médico João Francisco Neves da Silva apresenta planos e desafios, que extrapolam a área da saúde, mas podem repercutir diretamente sobre o hospital. Um dos projetos prevê a instalação de sistema de energia solar em todo o telhado do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula - que permitiria negociações para venda de energia à CEEE - e é encarado como "salvador" às finanças.

A consultoria do Hospital Sírio-Libanês, um dos mais importantes Centros Médicos da América Latina, também desponta entre as prioridades para a Santa Casa estar em condições de superar a crise que tem se agravado nos últimos anos. A equipe chega a Pelotas na próxima terça-feira, 7 de maio. Ao longo de seis semanas, os profissionais irão apontar mais do que diagnóstico da instituição onde uma média de 770 pessoas são atendidas todos os dias.

"Com a expertise que eles possuem, vão nos indicar caminhos a seguir, após análise sobre todos os setores do hospital", destaca o novo provedor. A expectativa é de que após o estudo detalhado, a Santa Casa tenha mais clareza e firmeza às tomadas de decisão sobre os serviços que continuarão sendo prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que hoje corresponde a 80% das atividades do hospital. Ao que tudo indica, áreas como cardiologia, oncologia, bloco cirúrgico e hemodinâmica - mais lucrativas aos cofres da Santa Casa - devem ganhar ainda mais prioridade.

* Alguns pontos centrais em pauta
- Situação financeira: Um dos maiores desafios é eliminar o déficit mensal, que ultrapassa R$ 1 milhão. Sem falar nas dívidas acumuladas que, só com fornecedores, são de mais de R$ 30 milhões. Os médicos também integram a lista dos maiores credores do hospital: o valor devido - desde 2010 - beira os R$ 13 milhões.

Durante o mês de maio, a Santa Casa de Pelotas deve assinar o contrato com o Banrisul para poder acessar os recursos do Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados, sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos (Funafir), de pouco mais de R$ 1 milhão. O montante equivale a pendências do Governo do Estado com a instituição, referente à metade da parcela de setembro e aos meses de outubro, novembro e dezembro.

Dos incentivos de 2019, apenas o de março ainda não foi repassado pelo Estado.

- Salários e relação com trabalhadores: Pelo menos até o final do ano deve permanecer o parcelamento dos salários aos cerca de 1,1 mil funcionários, que recebem 50% no quinto dia útil e o restante, em princípio, entre os dias 20 e 25. O pagamento do mês de março, entretanto, foi mais uma das situações em que a segunda metade dos salários foi fracionada em duas vezes.

"Sabemos que é um drama e queremos acertar a vida dos nossos funcionários mesmo na crise", enfatiza o provedor. E destaca o diálogo que tem conseguido manter com as diferentes categorias. A estimativa é de que a Associação dos Trabalhadores seja reativada.

- Reuniões da Mesa Administrativa: Uma nova dinâmica de trabalho também foi implementada junto à Mesa Administrativa. Os encontros, que costumeiramente ocorriam uma vez por mês, passaram a ser semanais. "Se estamos numa crise, se atende crise não é de mês em mês. Semanalmente a gente poder tomar decisões que possam impactar logo de início sem esperar muito tempo". E, nesse esforço conjunto, um dos principais alvos tem sido o controle rigoroso do fluxo de caixa, para analisar datas de entrada de verbas do SUS e de convênios e os melhores momentos para efetuar pagamentos de despesas.


* Alternativas de recursos extras
- Geração de energia solar: Um investidor de fora do Rio Grande do Sul deve vir a Pelotas, em breve, para avaliar a possibilidade de injetar recursos na instalação de sistema de geração de energia solar em toda a cobertura do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, no bairro Fragata. A proposta, elaborada por engenheiro eletricista do quadro do hospital, seria suficiente não apenas para suprir a demanda energética do cemitério, quanto para vender o excedente à CEEE.

Ao comentar a possibilidade de renda extra, o provedor João Francisco Neves da Silva não revelou números, mas em palavras demonstrou o peso do projeto, que poderia trazer um novo cenário financeiro ao hospital: "A gente espera um retorno salvador".

- Exploração de estacionamento: Um edital deve ser publicado neste final de semana com chamamento a interessados em explorar a área de estacionamento que pertence à Santa Casa - na esquina das ruas Santos Dumont e General Neto -, mas atualmente tem uso restrito de funcionários da instituição.

A expectativa é de que com a locação do espaço, a ser aberto à comunidade em geral, o hospital tenha mais uma fonte de renda extra. O ideal - adianta o provedor - é de que o empresário que assuma a área já trabalhe na perspectiva de, no futuro, investir em projeto que a Santa Casa pretende tirar do papel. É a construção de um prédio de quatro andares: dois pisos reservados a estacionamento, um piso para prestação de serviços de saúde à Terceira Idade e o quarto piso destinado a apartamentos para idosos.

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